Pesquisa

“O teatro não deixa de ser teatro, mesmo quando é didático; e, desde que seja bom, diverte.”
Bertolt Brecht



O processo colaborativo dos autores-atores-diretores da montagem alia técnicas e recursos cênicos baseados nos métodos de Bertolt Brecht. Por estar interligado aos conceitos do estudioso alemão, o espetáculo insere no contexto meta-teatral técnicas de distanciamento e estranhamento, sendo incisiva quanto à questão social e didática da dramaturgia e quanto ao esfacelamento da magia ludibriosa muitas vezes proposta no teatro infantil. Nosso intuito é romper com esse encantamento e valorizar a criança, fazendo-a perceber os atores por trás de suas personagens, compreendendo a experiência teatral como um lugar de possibilidades múltiplas.

Numa proposta concisa e de valorização às potencialidades do elenco, o processo também enfatiza o "Teatro Pobre" (Grotowski), em que cenário e figurino não apagam os atores, valorizando o trabalho de cada integrante do elenco num jogo único de divisão de cenas e personagens.

A pesquisa reforça a ideia de que a soma entre teatro recreativo e teatro didático favorece a compreensão, numa forma alegre, mas que não deixa de ser combativa. O intuito é não permitir que o espectador abandone a vivência teatral sem qualquer atitude crítica, mesmo quando se tratam de crianças, o teatro aqui foge da função apenas de entretenimento ou catarse. Com isso, o público é posto numa situação menos passiva diante dos acontecimentos, aumentando a relação palco-plateia, além de ser instigado a participar da campanha de doação de livros que são revertidos para acervos de entidades beneficentes.

“Uma rapadura, 3 atores & uma História” busca fugir de estereótipos e da visão mercadológica que o teatro infantil muitas vezes carrega, respeitamos a arte voltada para a criança, por isso tentamos inserir valores em busca da melhoria da realidade na educação brasileira, para que a partir do nosso espetáculo, o público possa também replicar noutros espaços a ideia da doação de livros.


A Campanha


O espetáculo traz conjuntamente uma campanha de arrecadação livros não-didáticos que são revertidos para acervos de bibliotecas carentes.  A campanha acontece com a doação de livros ou revistinhas na entrada do espetáculo. Com um livro, o espectador paga meia entrada. Durante as três temporadas oficiais, o grupo deu vida à campanha, mobilizando público por meio das redes sociais na internet e imprensa. Após cerca de três anos com o infantil, quase cinco mil espectadores já assistiram o espetáculo em três temporadas, festivais, escolas, instituições, etc. O Centro Social Bestesda, entidade beneficente que trabalha desde 1985 para resgatar crianças da pobreza extrema, foi um dos agraciados com as doações feitas pelo público durante temporadas oficiais. Quase 100 livros paradidáticos foram doados.